TRANSPLANTE CARDÍACO
Quando a função do coração (contratilidade e capacidade de bombear o sangue para os órgãos e tecidos) está comprometida, e o tratamento com medicamentos (já em suas doses máximas) e terapias coadjuvantes (marcapassos, cirurgias valvares, revascularizações do miocárdio) não surtem efeitos, o paciente deve ser avaliado para TRANSPLANTE CARDÍACO.
QUANDO ESTÁ INDICADO O TRANSPLANTE CARDÍACO?
A avaliação deve ser criteriosa. É realizado um protocolo para indicações ou contra-indicações. Nesse protocolo, serão observadas não só a função cardíaca mas também a dos outros órgãos como fígado, rins e pulmões. Os resultados desse, juntamente com o cálculo do Heart Failure Survival Score - HFSS (escore de sobrevida na insuficiência cardíaca) vão orientar o cadastro ou não para transplante cardíaco.
- Baixo risco (HFSS maior ou igual a 8,10) - Sobrevida em um ano - 93%
- Médio risco (HFSS entre 7,2-8,09) - Sobrevida em um ano - 72%
- Alto risco (HFSS menor ou igual a 7,19) - Sobrevida em um ano - 43%
DIRETRIZES PARA TRANSPLANTE CARDÍACO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA
1. INDICAÇÕES:
Classe de recomendação I – Nível de evidência C
a. Insuficiência cardíaca (IC) refratária na dependência de drogas inotrópicas e/ou suporte circulatório e/ou ventilação mecânica;
b. VO2 pico < 10ml/Kg/min;
c. Doença isquêmica com angina refratária sem possibilidade de revascularização;
d. Arritmia ventricular refratária;
e. Classe funcional III/IV persistente.
Classe de recomendação IIa – Nível de evidência C
a. Teste da caminhada dos 6 minutos < 300metros;
b. Uso de Beta-bloqueador (BB) com VO2 pico < 12ml/Kg/min;
c. Sem uso de BB com VO2 pico < 14ml/Kg/min;
d. Teste cardio-pulmonar com relação VE/VCO2>35 e VO2 pico < 14 ml/Kg/min.
Classe de recomendação III – Nível de evidência C
a. Presença de disfunção sistólica isolada;
b. Classe funcional III/IV sem otimização terapêutica
2. CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS:
1. Idade maior que 65 anos.
2. Miocardite ativa.
3. Tuberculose – tratar por 1 ano.
4. Doença de Chagas – observar agudização da doença pós-transplante.
5. HIV.
3. CONTRA-INDICAÇÕES TEMPORÁRIAS:
1. Infecção ativa.
2. Úlcera péptica.
3. Diverticulite.
4. Embolia pulmonar recente.
5. Colelitíase sintomática (colecistectomia antes).
4. CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS:
1. Hipertensão pulmonar irreversível com resistência maior ou igual 5U wood após uso de vasodilatadores e agentes inalatórios (O2, Nitroprussiato de sódio, Prostaciclina). O uso de inotrópicos deve ser por vários dias (usados por pouco tempo não avaliam a realidade da hiperresistência).
2. Doença Maligna.
3. Doença vascular periférica ou cerebral grave, mesmo que assintomático.
4. Disfunção renal irreversível (clearence de creatinina < 90ml/min, albumina > 500mg/24 horas).
5. Disfunção hepática irreversível.
6. Incompatibilidade ABO
7. Diabetes com lesões terminais de órgãos.
8. Obesidade mórbida.
9. Caquexia.
10. Uso de Cigarro, drogas, e álcool na atualidade.
11. Nível social sem condições de cuidados pós-transplante;
TÉCNICAS CIRÚRGICAS PARA TRANSPLANTE CARDÍACO
1. LOWER & SHUMWAY: técnica biatrial ou clássica.
2. YACOUB et al. e por DREYFUS et al.: bicaval.
SOBREVIDA DO TRANSPLANTE CARDÍACO
A sobrevida dos pacientes submetidos a transplante cardíaco varia de acordo com suas comorbidades. Em uma estatística mundial, a mortalidade imediata (peri-operatória e no pós-operatório imediato) fica em torno de 15%. A sobrevida em um ano é de cerca de 79%. No passar de 5 anos chega a 60% e no final de 10 anos está próxima aos 40-50%. O importante é salientar, que os pacientes indicados a transplante cardíaco apresentam mortalidade por insuficiência cardíaca em 1 ano de mais de 50% (alto risco). O paciente transplantado VIVE MAIS e com MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Dr. Ricardo Schneider