Cirurgia de Revascularização do Miocárdio.
Essa é a cirurgia cardíaca mais comum. Também chamada de "ponte de safena" em referência ao enxerto vascular mais comumente utilizado (veia safena). QUANDO é INDICADA? Quando o processo de aterosclerose (depósito de gorduras nas artérias que resultam em formação de placas que obstruem o fluxo sanguíneo) acomete as artérias do coração (coronárias). Em obstruções menores que 50% (placas que obstruem menos que 50% do fluxo sanguíneo) está indicado o tratamento com dieta (pobre em gorduras de origem animal) e com medicamentos que ajudam a desacelerar o processo de aterosclerose (estatinas e anti-inflamatórios / ácido acetil salicílico).
Se existem obstruções maiores que 50%, é preciso uma avaliação criteriosa do número e em quais artérias coronárias estão presentes essas lesões. O nosso coração possue artérias principais e secundárias. Temos uma origem comum (chamada tronco) do lado esquerdo que dá origem a 2(duas) ou 3(três) artérias chamadas: DESCENDENTE ANTERIOR (DA- artéria mais importante pois irriga a maior parte do ventrículo esquerdo, principal músculo do coração), CIRCUNFLEXA (CX) e quando presentes três, ARTéRIA DIAGONALIS (DGLS). Dessas artérias originam-se ramos secundários. Da DA os ramos chamados DIAGONAIS (DG) e da CX os ramos chamados MARGINAIS. Por sua vez, do lado direito temos a artéria coronária DIREITA. Essa dá origem a dois ramos principais chamados DESCENDENTE POSTERIOR e RAMO VENTRICULAR POSTERIOR. Existem também ramos secundários chamados MARGINAIS DA DIREITA. Fotos ilustrativas.
Quando as obstruções envolvem artérias secundárias ou 1(uma) ou 2(duas) artérias principais está indicado o procedimento chamado ANGIOPLASTIA. Esse, por sua vez, é a dilatação dessas obstruções por via percutânea (através de uma punção na artéria femoral na virilha). Chega-se ao coração com um catéter que possui um balão que dilata/abre as obstruções. No local da dilatação, na maioria das vezes, coloca-se um malha de metal chamada STENT, que recobre e mantém aberta a lesão. Imagem abaixo.
Se as obstruções acometem 3(três) ou mais artérias (principalmente em paciente diabéticos) a indicação é cirurgia aberta (REVASCULARIZAÇãO DO MIOCáRDIO). Também em casos de acometimento de 1(uma) ou 2(duas) artérias principais pode-se indicar a cirurgia, sempre levando em consideração os riscos atribuídos ao procedimento e que aumentam de acordo com as comorbidades associadas (pacientes idosos, obesos, com insuficiência arterial periférica, varizes, com doença em outros órgãos apresentam maiores riscos de cirurgia). A cirurgia consiste em promover desvios do fluxo sanguíneo para as áreas comprometidas. Com o uso de enxertos (veias safenas, artérias torácicas internas, artérias radias, epiplóicas, etc), promove-se o reestabelecimento do fluxo para as regiões do músculo cardíaco que tinham esse prejudicado, devido à presença de obstruções (placas de gordura) nas artérias. Com isso evita-se o IAM (infarto agudo do miocárdio) que é a morte da região do músculo cardíaco que ficou sem receber sangue e, consequentemente, sem receber oxigênio e nutrientes que mantém as células vivas.
Ambos os procedimentos (Angioplastia e Cirurgia) são seguros quando bem indicados (riscos de complicações menores do que 5%). Sabe-se que o risco de morte no infarto é maior do que 50%. Por isso, o diagnóstico e tratamento devem ser instituídos o mais precocemente possível.
O risco cirúrgico pode ser estabelecido utilizando-se cálculos que envolvem avaliação da função cardíaca, função renal, doenças associadas, idade e outros (Exemplo o Euroscore). Também, para se definir qual a melhor indicação, angioplastia ou cirurgia, utilizam-se dados anatômicos (syntax score). Com isso, pode-se verificar o risco-benefício para indicação do tratamento apropriado.
Dr. Ricardo Schneider