DOENÇAS DA AORTA


Categoria: Cirurgia Cardíaca
doenças da aorta, aneurismas, dissecções

DOENÇAS DA AORTA

A artéria aorta é a principal artéria do nosso organismo. É formada por 3(três) camadas: uma interna chamada íntima, uma intermediária que é a camada muscular e uma externa chamada adventícia. Por ela passa todo o sangue oxigenado vindo dos pulmões e que é ejetado pelo coração. Seu início se dá na via de saída do ventrículo esquerdo, aonde está a valva aórtica (no tórax). Possui uma parte inicial, chamada junção sino-tubular (seio de valsalva), aonde estão presentes os óstios das artérias coronárias (artérias que irrigam o coração). Ainda a nível torácico, segue por um segmento ascendente, um segmento transverso (arco aórtico, que dá origem aos grandes vasos da base que irrigam cérebro e membros superiores) e um segmento descendente (que vai até o nível do diafragma dando origem aos ramos intercostais que irrigam parede torácica e medula espinhal). Passa então para o abdômen aonde origina as artérias que irrigam os órgãos, sendo divida em porção supra e infra renal (em referência a origem das artérias renais). Termina em uma bifurcação que dá origem as artérias ilíacas que irrigam membros inferiores.

QUAIS DOENÇAS ACOMETEM A AORTA? Podemos citar:


1. ANEURISMAS: dilatações na parede da artéria, por fragilidades, muitas vezes, de origem genética (Ex: Síndrome de Marfan). Podem ser fusiformes (envolvendo todo o vaso) ou saculares (saliências). Por ser a aorta responsável pela irrigação de todo o organismo, essas dilatações precisam de tratamento para se evitar alterações e comprometimentos do fluxo sanguíneo.

O tratamento varia de acordo com tamanho e localização. Pode ser:

a) QUANDO NO TóRAX: a aorta ascendente é considerada de tamanho normal até 4 cm. Acima disso é considerada aneurismática. Entre 4,5 e 5,5cm o tratamento é expectante (uso de medicamentos para controle da pressão arterial e acompanhamento com ecocardiograma a cada 6 meses). Se maiores necessitam de intervenção cirúrgica (substituição por enxerto vascular sintético). Muitas vezes a valva aórtica também está acometida e precisa ser substituída (troca por prótese). As cirurgias podem ser:

- COM PRESERVAÇãO DA VALVA AóRTICA: cirurgia de TIRONE E. DAVID. Suspende-se a valva aórtica por dentro de um substituto vascular sintético (comumente um tubo de dacron) com a anastomose dos óstios coronarianos nesse substituto.

- COM A TROCA VALVAR AóRTICA: cirurgia de BENTALL / DE BONO. Troca-se a valva e aorta ascendente com a interposição de um tubo valvado. Também os óstios coronarianos são anastomosados nesse tubo.

- DIALATAÇãO DA AORTA ASCENDENTE SEM COMPROMETIMENTO VALVAR E/OU DO SEIO DE VALSAVA: cirurgia com substituto vascular sintético somente na porção ascendente, preservando seio de valsava com óstios coronarianos e valva aórtica.

- COM ENVOLVIMENTO DO ARCO AÓRTICO: necessária a cirurgia com substituição desse por substituto vascular sintético, e necessidade de reimplante dos grandes vasos da base nesse.

- ANEURISMA DE AORTA DESCENDENTE: quando só em aorta descendente (após origem da artéria subclávia esquerda) o tratamento pode ser via percutânea (utilização de endopróteses que recobrem internamente a aorta no local de sua dilatação). Se acompanhado de dilatação de aorta ascendente e arco aórtico, será corrigido no momento cirúrgico com endoprótese colocada pelo tórax.

b) QUANDO NO ABDôMEN:

- ANEURISMAS SUPRA-RENAIS: Intervenção cirúrgica com implante dos vasos que nutrem os órgãos (tronco celíaco, mesentérica inferior, artérias renais), Utilização de substituto vascular sintético.

- ANEURISMAS INFRA-RENAIS: muitas vezes com acometimento de artérias ilíacas. A intervenção pode ser percutânea com revestimento interno utilizando endopróteses. Também existe a possibilidade de cirurgia aberta (enxerto aorto-bi-ilíaco ou bi-femoral).


2. DISSECÇÕES: são "rasgaduras" que iniciam na parte interna da aorta (camada íntima), levando a formações de "falsos trajetos" (falsa luz) por onde o sangue é desviado. Os órgãos e tecidos podem ter seu aporte sanguíneo prejudicado com lesões transitórias ou permanentes. Podem ocorrer rupturas totais que se não tratadas de imediato, levam a morte por hemorragia.
Segundo a classificação de STANFORD podem ser do tipo A, quando existe envolvimento da aorta ascendente, ou do tipo B, quando não há envolvimento da aorta ascendente.
O tratamento é emergencial. Cirurgias, uso de endopróteses ou a associação dos tratamentos são as alternativas. A mortalidade da doença é inevitável se não tratada, principalmente quando envolve a aorta torácica ascendente. O risco cirúrgico também é elevado, mas é a única maneira de preservar a vida.


3. ATEROSCLEROSE: formação de placas de gordura em segmentos ou em toda a aorta, que provocam obstruções comprometendo o fluxo sanguíneo de órgãos e tecidos. Por vezes, podem levar a formações aneurismáticas ou dissecções que necessitam intervenções com cirurgia ou tratamento endovascular (endopróteses).

Dr. Ricardo Schneider



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Dr. Ricardo Schneider


Médico, formado pela PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (PUC-PR), CRM-PR 17214 / CRM-MT 14419, residência em CIRURGIA CARDIOVASCULAR na IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CURITIBA (ISCMC), reconhecida pelo MEC, membro ESPECIALISTA da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR e registrado no Conselho Federal de Medicina (RQE-PR 12237 - RQE-MT 7053), Mestre em CLÍNICA CIRÚRGICA, pós graduação Lato Sensu em NUTROLOGIA - NÃO ESPECIALISTA, pela Sociedade Universitária Redentor. Atua na área da CIRURGIA CARDIOVASCULAR e MEDICINA FUNCIONAL INTEGRATIVA: - CHECK-UP GERAL/CARDIOLÓGICO - NUTROLOGIA CLÍNICA - IMPLANTES HORMONAIS E NÃO HORMONAIS - CIRURGIA CARDÍACA

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